sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A evolução do cinema brasileiro


“Sou um menino que vê o amor apenas pelo buraco da fechadura, nada mais...”.
                                                                                                         Nelson Rodrigues

Você que conhece a linha do tempo dos filmes brasileiro (Se não conhece, pesquise sobre, vale a pena!) sabe o quanto essa frase se relaciona como os primeiros filmes de produção nacional. A obscenidade e os palavrões, os mais sendeiros costumes como álcool, cigarro e sexo eram não apenas atributos do filmes, pareciam temas. Mesmo com esses detalhes, eram filmes que incentivaram a continuidade novas produções. O primeiro filme brazuca, “O Pagador de Promessas”, chegou a ganhar a palma de Ouro 1960 e teve uma repercussão positiva para o incentivo ao cinema Brasileiro.
 Cena do filme "O Pagador de Promessas", 1960

Em 2003, o cinema brasileiro atingiu a espantosa marca de mais de 20% da fatia do mercado nacional, segundo especialistas na área, um recorde, tendo em vista os problemas que a economia enfrentou nos nesses anos, aliados às medidas governamentais que, em 1990, ainda na gestão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, praticamente extinguiram as verbas para a produção cinematográfica no Brasil.
Números assim, tão significativos, foram observados apenas na década de 70, quando o cinema brasileiro atingiu a marca de 80% do mercado nacional, principalmente porque a "pornochanchada" estava em alta e, além disso, havia a intenção de alguns cineastas em produzir filmes "engajados", com qualidade e compromisso. É importante lembrar também que, naquela época, o governo impunha regras de exibição que, bem ou mal, tornava mais fácil o acesso da população às produções nacionais, o que, na visão de especialistas, continua a ser um dos maiores entraves para a produção cinematográfica brasileira.
Gravações de "2 Coelhos"
 Para muitos, essa retomada, principalmente em virtude da lei do audiovisual, outorgada pelo ex-presidente Itamar Franco (1991-1992), e com a criação da  Ancine (Agência Nacional de Cinema) no governo de Fernando Henrique Cardoso, é um vitória, sinal de que o cinema brasileiro está reaquecendo. Entretanto, para que ele continue evoluindo é preciso rever os erros do passado e investir em políticas mais sólidas, que viabilizem novas produções e facilitem a exibição dos filmes nacionais "A lei do audiovisual sem dúvida foi responsável por uma melhoria técnica nas produções. Hoje, por exemplo, os filmes têm uma qualidade sonora muito superior à que tínhamos na década de 70. Porém, é necessário criar novas medidas que facilitem a exibição das produções nacionais. As grandes cadeias do cinema brasileiro são dominadas pelo cinema norte-americano. Isso não é só de agora, esses problemas sempre existiram", declara o cineasta e professor de comunicação visual do curso de de relações públicas da fundação Cásper Líbero, Bruno Hingst.
Na visão de Hingst, outro fator que poderia ser melhor explorado para a promoção do cinema brasileiro é a questão da divulgação dos filmes. Segundo ele, a maioria das produções nacionais não chega ao  conhecimento do público porque não conta com forte publicidade como as produções patrocinadas pela Globo Filmes, por exemplo. "A maioria das pessoas não conhece os filmes que acabaram de ser lançados porque eles entram em cartaz sem divulgação, exceto, é claro, as produções que contam com a parceria da Globo Filmes e são divulgadas na Rede Globo de Televisão", diz.
Para Hingst, medidas que promovam a exibição e divulgação dos filmes nacionais são vitais para o crescimento do cinema brasileiro, além de novas leis de incentivo para o financiamento de produções que não tenham viabilidade comercial, mas que sejam de suma importância para promover a pesquisa e o resgate da história do país. "Existem projetos que são facilmente absorvidos pelo mercado, outros que não têm viabilidade comercial, mas que possuem grande importância histórica e que devem ser estimulados. A política quanto a isso devia ser muito mais ampla, a médio e a longo prazo", ressalta.
É notória a melhora das produções dessa nossa pátria amada, já se vê isso no feedback do público indo para vê-los nas telinhas. Cada vez mais o público tem ido aos cinemas para conferir as produções nacionais. Uma prova disso é que apenas no ano passado, no Brasil, das 22 maiores bilheterias que receberam mais de 22 milhões de espectadores, oito são nacionais. E com certeza essa melhora está vindo à galopes e tende a melhorar ainda mais com as novas produções. Para especialistas, toda essa receptividade está intimamente ligada à diversificação dos gêneros das produções.
2 Coelhos, estréia do diretor Afonso Poyart

          Toda essa melhora já pode ser visível nos filmes lançados esse ano pelo cinema nacional, como o atual “Dois Coelhos” dirigido pelo diretor estreante Afonso Poyart ou a participação brasileira em filmes, como o filme “Rio” que foi lançado no ano de 2011 e teve uma importância na divulgação do turismo da capital carioca e outras cidades aos arredores. Com todo esse avanço, especialistas afirmam que o Brasil tem grandes chances de se tornar um pólo de cinema. É claro que qualquer tipo de competição ou comparação com a indústria cinematográfica norte-americana é ilusória. Porém, na América Latina, ao lado da Argentina e do México, essa é uma possibilidade que começa a ser vislumbrada. "Sem dúvida o cinema brasileiro já está sendo visto dessa forma na América Latina e até mesmo nos Estados Unidos. O próprio Presidente Lula afirmou que, enquanto o mercado brasileiro cresceu 11% nó último ano, o cinema nacional subiu 180%, isso é muito importante", destaca José Gozze (Cineasta e Coordenador  do Curso de Cinema na Faculdade de Comunicação da FAAP).           
          E então? Já tem programa para o final de semana? Então corre pro cinema e comprove que, hoje, a prata da casa é jóia fina!

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